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Faleceu hoje outra bombeira, outros três bombeiros ficaram gravemente feridos, mais dois feridos ligeiros nas últimas 24h, no combate a essa praga que flagela o país, agora na Serra do Caramulo. É a quinta vítima ao serviço do voluntariado, neste ano. Não é só a prevenção que vai mal, sendo que o Estado é o primeiro a descurar os seus "feudos". Há mais alguma coisa que não vai bem e que as populações e os bombeiros começam a denunciar.
Carta de um bombeiro para o Ministro da Administração Interna
Gostaria que V.Ex.ª. explicasse a esta gente de coragem que a culpa foi do vento, que tudo o que de mal tem acontecido a estes operacionais é culpa “das mudanças de vento”, que não há negligência no comando das operações, que todos os operacionais tem o equipamento exigível pela legislação de segurança no trabalho e que os bombeiros são regularmente inspeccionados pela Autoridade para as Condições no Trabalho e que lhes é disponibilizado tudo quanto lhes é legalmente exigível. Contudo Sr. Ministro, V.Ex.ª. sabe perfeitamente porque os bombeiros não são inspeccionados pela ACT, porque esta foi a forma que V.Ex.ª encontraram para escamotear a realidade da insegurança e falta de condições de trabalho destes homens e mulheres, da falta de inspecções médicas e provas de robustez física legalmente exigíveis a qualquer trabalhador, mas não aos bombeiros.
Mas acima de tudo Sr. Ministro, eu gostaria que V.Exª se ajoelha-se perante a filha de quatro anos que deixa esta mãe, e que lhe contasse que a mamã faleceu porque o vento mudou de direcção e que ninguém tem responsabilidade. Sabe Dr. Miguel Macedo, eu tenho dois filhos, um de oito anos e outro de três, e pelo que conheço das crianças de quatro anos, geralmente são muito perspicazes, pelo que creio que não teria a menina de quatro anos dificuldade em compreender a história, o que teria certamente é dificuldade em acreditar nessa história que V.Ex.ª e o respectivo comando das operações daquele T.O. tentou impingir aos adultos.
27 de Agosto de 2013
A todas as famílias dos bombeiros falecidos,
a todos e todas que estão no terreno e que dia a dia lutam anonimamente pelo bem estar das populações, a minha mais sincera solidariedade.
mariamar
mariamar
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