quinta-feira, 10 de junho de 2010

Estado de pobreza crónica....


"Nós estamos num estado comparável somente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento dos caracteres, mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se quer falar de um país caótico e que pela sua decadência progressiva poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se, a par, a Grécia e Portugal.”
"A ruína económica cresce, cresce, cresce. As quebras sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. O salário diminui. A renda também diminui... O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo... "
in "As Farpas", Eça de Queirós e Ramalho Ortigão (1871)

Quem diria que estes parágrafos não são actuais? Têm um século, foram escritos e compilados nos tempos da monarquia, quando por cá passeava o nosso penúltimo rei D. Luís I.
Hoje, Cavaco Silva poderia não se ter dado ao trabalho de escrever (ou mandar escrever) o discurso das comemorações do 10 de Junho, poderia ter copiado estes, e ainda mais uns quantos desta obra. Aproveitaria, também, para fazer o seu "mea culpa", uma vez que vivemos há anos neste estado pobreza crónica, com a economia aos soluços, e a bolsa dos indígenas cada vez mais definhada. No tempo em que o sr. economista foi 1º ministro deste país, não terá acontecido o mesmo???...

2 comentários:

mlu disse...

Profetas, Eça e Ramalho Ortigão. Se os políticos dessem "por lá" uma volta, tinham menos trabalho a escrever os discursos: era só copiar...
E o nosso PR já foi PM há muuuito tempo!

Bj.

afigaro disse...

Plenamente de acordo!Por isso "As farpas" constam no meu perfil.